Por Tiago Eurico de Lacerda
O filme conta a história de
um garoto chamado Mohammad (Mohsen Ramezani), que vivia num colégio interno
para cegos em Teerã, cidade distante do vilarejo onde vivia sua família: o pai
(Hossein Mahjub), a avó (Salime Feizi), sua irmã maior (Farahnaz Safari) e sua
irmã menor (Elham Sharifi). O filme foi produzido no Irã, em 1999, com roteiro
e direção de Majid Majidi, que se tornou famoso depois da indicação de seu
filme Filhos do Paraíso (1997) ao Oscar de filme estrangeiro.
A linha condutora da
história perpassa pela relação entre pai e filho. Seu pai (Hossein Mahjub) é
viúvo e reluta imensamente em aceitar o filho. Sua rejeição ao menino piora
ainda mais depois da sua busca em contrair um novo casamento. A rejeição é
devido o garoto de apenas 8 anos ser cego de nascença, o que envergonha o pai.
Nas férias do colégio todas as crianças vão para casa para passar um tempo com
a família, são três meses de descanso que se tornaram um grande pesadelo para
Mohammad. Seu pai foi o último a buscá-lo no colégio, deixando que a angústia e
o medo de não ser lembrado tomasse conta do garoto. Ao chegar lá o pai disse
que não teria condições de levá-lo para casa. Pois já pensava na possibilidade
do garoto atrapalhar os novos planos de casamento do pai. Outro empecilho era o
preconceito da própria comunidade, pois as crianças que nascem com alguma
deficiência são vistas como sinal de maldição na família a partir da cultura
islâmica.
Em contrapartida o garoto é
muito amado e querido pela avó e as irmãs. Mesmo assim seu pai o proibia fazer
qualquer coisa que o colocasse em exposição, como ir ao colégio das irmãs. De
tanto insistir, um dia a avó deixou que ele as acompanhasse e ele se saiu
melhor na leitura que os colegas dessa classe. Mas ao sair da escola, seu pai
que passava por perto o viu e ficou tão nervoso que resolveu colocar um ponto
final nessa história antes que a notícia de um filho cego se espalhasse por
todo o vilarejo. O pai resolve enviá-lo a um carpinteiro que também era cego
para ajudar a Mohammad a aprender uma profissão e se virar sozinho. Na verdade
estava querendo mesmo era se livrar da criança, o que causou grande tristeza na
avó que adoeceu e logo veio a falecer. No mesmo tempo a família da noiva disse
que a morte é um mau agouro e rompe o noivado deixando o pai de Mohammad
desolado em sem esperanças. Nesse impasse ele vai ao encontro do filho, foi
buscá-lo, mas na volta o garoto de desequilibra sobre o cavalo e cai numa
correnteza forte que o leva rio abaixo.
O pai assistiu a cena
pensativo, queria pensar melhor sobre o acontecimento, era uma oportunidade de
se livrar do filho, mas resolve ir atrás do garoto e salvá-lo. Várias
tentativas foram em vão dentro da correnteza até que em certo momento ele
acordou do desmaio na beira da praia, onde avistou ao longe seu filho. Correu
ao seu encontro e o abraçou, mas infelizmente nesse instante Mohammad já não
tinha mais vida. Algo impressionante aconteceu. Uma luz pairou sobre a mão do
garoto e ele começou a mexer com os dedos ao passo que termina o filme deixando
várias possibilidades de interpretações.
(Resenha publicada no TG-DOXA no dia 10 de junho de 2013)
(Resenha publicada no TG-DOXA no dia 10 de junho de 2013)
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