quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Resenha do Filme: A cor do Paraíso


Por Tiago Eurico de Lacerda

O filme conta a história de um garoto chamado Mohammad (Mohsen Ramezani), que vivia num colégio interno para cegos em Teerã, cidade distante do vilarejo onde vivia sua família: o pai (Hossein Mahjub), a avó (Salime Feizi), sua irmã maior (Farahnaz Safari) e sua irmã menor (Elham Sharifi). O filme foi produzido no Irã, em 1999, com roteiro e direção de Majid Majidi, que se tornou famoso depois da indicação de seu filme Filhos do Paraíso (1997) ao Oscar de filme estrangeiro.

A linha condutora da história perpassa pela relação entre pai e filho. Seu pai (Hossein Mahjub) é viúvo e reluta imensamente em aceitar o filho. Sua rejeição ao menino piora ainda mais depois da sua busca em contrair um novo casamento. A rejeição é devido o garoto de apenas 8 anos ser cego de nascença, o que envergonha o pai. Nas férias do colégio todas as crianças vão para casa para passar um tempo com a família, são três meses de descanso que se tornaram um grande pesadelo para Mohammad. Seu pai foi o último a buscá-lo no colégio, deixando que a angústia e o medo de não ser lembrado tomasse conta do garoto. Ao chegar lá o pai disse que não teria condições de levá-lo para casa. Pois já pensava na possibilidade do garoto atrapalhar os novos planos de casamento do pai. Outro empecilho era o preconceito da própria comunidade, pois as crianças que nascem com alguma deficiência são vistas como sinal de maldição na família a partir da cultura islâmica.

Em contrapartida o garoto é muito amado e querido pela avó e as irmãs. Mesmo assim seu pai o proibia fazer qualquer coisa que o colocasse em exposição, como ir ao colégio das irmãs. De tanto insistir, um dia a avó deixou que ele as acompanhasse e ele se saiu melhor na leitura que os colegas dessa classe. Mas ao sair da escola, seu pai que passava por perto o viu e ficou tão nervoso que resolveu colocar um ponto final nessa história antes que a notícia de um filho cego se espalhasse por todo o vilarejo. O pai resolve enviá-lo a um carpinteiro que também era cego para ajudar a Mohammad a aprender uma profissão e se virar sozinho. Na verdade estava querendo mesmo era se livrar da criança, o que causou grande tristeza na avó que adoeceu e logo veio a falecer. No mesmo tempo a família da noiva disse que a morte é um mau agouro e rompe o noivado deixando o pai de Mohammad desolado em sem esperanças. Nesse impasse ele vai ao encontro do filho, foi buscá-lo, mas na volta o garoto de desequilibra sobre o cavalo e cai numa correnteza forte que o leva rio abaixo.

O pai assistiu a cena pensativo, queria pensar melhor sobre o acontecimento, era uma oportunidade de se livrar do filho, mas resolve ir atrás do garoto e salvá-lo. Várias tentativas foram em vão dentro da correnteza até que em certo momento ele acordou do desmaio na beira da praia, onde avistou ao longe seu filho. Correu ao seu encontro e o abraçou, mas infelizmente nesse instante Mohammad já não tinha mais vida. Algo impressionante aconteceu. Uma luz pairou sobre a mão do garoto e ele começou a mexer com os dedos ao passo que termina o filme deixando várias possibilidades de interpretações.

(Resenha publicada no TG-DOXA no dia 10 de junho de 2013)

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